domingo, 4 de março de 2007

Espaço

Quando rasgo o véu dos olhos.
Cega-me luz oculta do espírito.
E fere mortalmente nosso corpo-breu, fere nossa manta
de escuridão.
Encoberto candelabro de esperança, rosto sem forma,
corpo sem vida.
Farol em sua beleza anula o naufrágio certo do
esquecido e flutuante desejo.
Em parte banha-me e me abandona no oposto.
Sentido dividido, pois me abordas sempre pela metade.
Loteria sem apostas, não sei, a parte que te caberá.
Não sei se escudo ou espada.
Sorriso ou rancor.
Descaso ou afeição.
E se me perguntas o nome, te respondo que não sei.
Se me cobres sinto frio.
E se me abandonas, tenho enfim a certeza de que nunca
exististes.

Tempo

Círculo de ferro.
Olhos verdes.
Tecido de algodão.
Corpo submerso em vinho.
A lembrança escorrendo pelos poros.
Os pés andando sobre carvão.
O vento empurrando para longe todo o tempo já vivido.
Toda a lembrança pertinente a alma.
Todo beijo entregue na estrada.
Toda estrada cruzada.
Toda areia.
Todo corpo que dança na chuva.
Toda verdade entre paredes.
Assim o tempo despertou desejo.
Uniu corpos, fundiu espíritos.
Tatuou teu nome em minha alma.
E tua beleza em meus olhos.
Chave de um cofre que não encontro.
Toque em um corpo ausente.
Beijos numa marca de batom.
Bússola que não me indica o norte.
Estrada que agora me afasta de ti.
Tempo que é tempo passado.
Sonhos na luz do dia.
Caminho interrompido.
Saudade.

Fato

Primeira postagem.
Primeira vez.
Primeiro ato.
Primeiro.
Assim tão simples.
Tão primitivo.